Não sei bem sobre o quê escrever. Não vou ter aqui a mesma relação que tive em Puglia, com a cozinha salentina, onde eu pude estar na cozinha, conhecer, conversar, fazer os pratos tradicionais. Aqui sou meramente uma turista olhando as vitrines. E provando o que tem dentro delas...
Por sorte tenho um amigo que me levou para jantar num restaurante pequenininho de frutos do mar. Delicioso. O peixe da Sicília é muito bom e famoso. Pra você ter idéia, o atum pescado nas vizinhanças é mandado para o Japão, para ser comido cru. Aqui, o atum em conserva é prato chique. Nada de macarrão de desespero com pomarola. É um produto de denominação de origem controlada (DOC). Peixe é parte fundamental da culinária siciliana. Uma iguaria local e que só se encontra aqui é a botarga, ovas de peixe defumada. São fortes, servem para ralar sobre a pasta pronta, como um queijo. Não sei bem como fazem mas é uma coisa compacta, como um salame.
Os doces sicilianos são famosos em toda a Itália. Os mais populares são aqueles com ricota. Descobri que geralmente são feitos com leite de ovelha e que são melhores no inverno, quando a ricota é mais fresca. Para os italianos são exageradamente doces. Isso porque eles não conhecem o brigadeiro brasileiro. Nada é muito doce para a terra da cana de açúcar. Têm muitos doces com pistache e amêndoas. Dois xodós da produção local. Não sou fã de doce mas estou disposta a provar todos, os famosos canole e cassata já estão aprovados, leves, delicados no sabor, muito bom. Aqui encontrei a pasta para fazer o leite de amêndoas e também de pistache. Já tá na bagagem (que a alfândega não me leia).
O salgado típico é o arancino, um croquete feito com arroz e vários recheios diversos, o mais comum é o de ragu ou de mussarela. Vale por uma refeição. Todo lugar tem, uns mais picantes outros menos. É uma especialidade culinária antiga, remonta ao século X. Tem esse nome porque parece uma laranja (arancia), uma bolota dourada frita!
O mais exótico é o tal do brioche com sorvete (olha eu aí, me adaptando aos costumes locais, um sorvete de creme e outro de pistache) . Fiquei pensando que a matéria prima da casca do sorvete deve ser a mesma do brioche. Mas nada é capaz de acabar com minha surpresa quando vejo alguém passando com aquele sorvete dentro do pão, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O tradicional mesmo é com a granita, que é siciliana, influência árabe. É linda, porque é um bloco grande de gelo que o vendedor raspa, coloca num copo e depois joga o xarope do sabor que você escolher. Eu só peço de limão.
A maior surpresa foi o limão siciliano. Sei que agora não é época de limão aqui - apesar de limão não ter mais época -, mas todos que vi até agora são bem diferentes daqueles sempre amarelinhos e bonitinhos do Brasil. Aqui são irregulares, com tons que vão do verde ao amarelo, passando pelo marrom (dá pra acreditar?), mas, claro, saborosíssimos. Quem vê casca, não vê limão.
Olá Teresa,
ResponderExcluirAgora seus relatos criam além de belas imagens muitas vontades!Rsrsrsrs...
Nada me tira da cabeça que sua odisséia daria um belo livro...
Paz e muita Luz, sempre...
Lilian
Ei Lilian
ResponderExcluirque bom que vai bem...quem sabe a cria cresce não é mesmo? mas o futuro não é hoje, e hoje vou dar minha primeira volta em Roma! depois conto como foi.
Paz e Bem
Teresa