Tenho aprendido muito sobre o momento
de partir nesta viagem. É fácil a tendência a querer ficar onde as
coisas vão bem, sei onde comer bem e barato, como chegar na praia
que eu gosto, tenho amigos, ou seja já me viro. Mas este não é o
intuito da viagem. Arriscar, buscar o novo, fuçar, estes sim são
alguns objetivos. Um lugar novo sempre tem a chance de dar certo ou
não... e uma parte minha prefere não correr o risco. A outra, que
anda super valente, fala calmamente que é preciso conquistar mas sem
se apegar, ser livre, para ser inteira. Sinto a coceirinha que diz
que é hora de ir.
Essa parte corajosa anda feliz com o
desenrolar da viagem, tenho passado por lugares incríveis, aprendido
muito, em primeiro lugar de mim mesma, depois de agricultura,
alimentação, cultura, tudo aquilo que eu buscava (e muito mais...).
Mas principalmente tenho conhecido muita gente maravilhosa no
caminho. No final acho que o mais rico é essa troca com outro ser
humano, na hora que dois mundos diversos se encostam e eu absorvo um
pouco do outro e ele de mim. Não importa quanto seja, sempre saio
diferente (pra melhor!) quando faço um novo amigo.
Vou embora da Puglia muito mudada,
muitas pessoas, conversas, músicas, comidas me tocaram profundamente. Aqui foi
onde, até agora, estive mais perto do verdadeiro espírito slow food
que procuro. Aquele que para mim é verdadeiro, de pessoas que
simplesmente vivem, respirando uma forma genuína de tratar a
agricultura, a alimentação, a tradição. Simples e saborosa...
Termino hoje com uma conversa que tive com o
Roberto outro dia a caminho do mar. Ele me falava de um outro sentido
que temos quando se trata de saborear o alimento. Não é o olfato,
visão, paladar ou textura (tato), mas é todos juntos ao mesmo
tempo. Não é uma coisa física, que se pode medir ou ajustar, mas
dependendo pode te fazer arrepiar ao comer ou simplesmente sorrir,
feliz... Tem a ver com a forma como o alimento foi preparado, depende
da pessoa que o fez se estava realmente presente naquela ação ao
fazê-la. Ela tem que estar contente, se não não é possível
temperar com este sabor. Pode-se dizer que é cozinhar com o coração, ou seguir sua intuição, depende do estado da alma.
Tem que fazê-lo com carinho e respeito, pela terra e pelo alimento.
Depois tem que cozinhar numa espécie de dança, o gesto, a forma
como joga o sal ou tempera, o movimento com as colheres, a fluidez
dentro da cozinha, a alegria. Assim a comida feita vira a expressão
de sua arte, sua forma de mostrar fora algo que vai dentro. Mesmo que
seja um jantar só para você mesmo.
Parto já com saudades da família Polo. Aqui Roberto, Stefania e eu, curtindo o mar azul de Salento.
Vou levada pelo vento à Sicília. Sem
muitos planos confesso, com uma vontade enorme de viajar de bicicleta
e comer cuscus... ah e de conhecer a árvore do pistache!
Se joga!!! To adorando acompanhar a sua viagem!!
ResponderExcluirSaudades! Beijos
Valeu Ju!
ResponderExcluirEstou viajando junto com vc, Teresa. Estou amando o seu blog..Parabéns..Dinéa. Moro em BH e já fui à Italia, mas não estive nestas cidades, e fiquei pouco tempo... dá vontade de voltar e curtir muito..Quem sabe um dia...
ResponderExcluirEi Dinéa, sempre é possível né? se eu vim, penso que todos podem! é sonhar...e uma hora as portas se abrem...
ResponderExcluirvaleu!