quinta-feira, 21 de junho de 2012

A bota – traçando o roteiro


Uma amiga me disse que sou a pessoa mais a deriva e com mais foco que ela conhece. Então é essa a rota da viagem: objetivos traçados, mas muitas lacunas para o imprevisível, o novo que sempre aparece. Gosto de não fechar muito os caminhos para não perder o acaso e suas possibilidades.
Mas o esqueleto tá montado e começa em Torino, Piemonte, por onde entro na Itália. Piemonte tem muitas coisas que me interessam, a primeira e maior delas é a sede do movimento slow food. Desde que conheci o assunto me apaixonei, foi como descobrir minha tribo, pessoas falando e fazendo o quê eu acreditava e gostaria de ver no mundo: alimentação e plantação caminhando juntos. É muito estranho que eles tenham se separado, mas esta é a verdade depois da revolução verde e do crescimento da indústria alimentar. A comida ficou orfâ de pai e mãe, como uma criança da roça criada na cidade grande, sem conhecer suas origens. Na verdade as pessoas ficaram orfãs de uma comida com história, ciclo, sabor. Resgatar isso é lindo e saboroso e o piemonte é onde tudo começa. Tem a UNISG, (www.unisg.it) Universidade de Gastronomia do movimento, um sonho antigo, um curso de mestrado que namoro há alguns anos...
Próximo passo Toscana. Roça. Mesmo com todo calor do verão, espero poder por a mão na terra, visitar e estar em algumas propriedades rurais, principalmente de horta orgânica. Dizem que é um ótimo período para festas típicas na região, e gostaria de alternar a atividade rural com passeios...
Não sei o próximo passo, mas ainda tenho dois objetivos:
Bologna. Um amigo de uma amiga participa do Slow Food local e achei que seria legal ver as atividades da região.
Por último Puglia. Sei pouquíssmo sobre o salto da bota, mas estou decidida a chegar até lá. Minha última paixão literaria foi Ossos, Sangue e Manteiga, de Gabrielle Hamilton, uma chef de cozinha americana muito autêntica, dona de um restaurante em NY que parece ser um sucesso – Prune, e que se casou com um italiano da região. Seu relato me encantou com a simplicidade do povo, sua culinária rica e preservada, a rusticidade das feiras e a alegria das pessoas. Foi amor a primeira leitura.
No mais à deriva, deixando o vento me guiar. Parece bom, não é?

4 comentários:

  1. A curiosidade me instiga, qual seu nível de italiano? Sei que nao faltara olfato e paladar, e palavras? Boa sorte

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  2. meu italiano é pouco, mas a origem latina ajuda...vai rolar, já senti!

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  3. TT, estamos curtindo essa viagem junto c/ vc. Delicie-se com os novos sabores. Desfrute muito dessa enriquecedora imersão. E, claro, compartilhe tudo com a gente!!
    Quanto à problemas c/ a comunicação, existe uma dica infalível: mímica. Não tem erro!!..rss
    muitos beijos

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  4. Lets, você tem toda razão: mímica é infalível.

    meu pai conta de um cara que para não ser descoberto como estrangeiro (e cobrado mais caro no corte de cabelo e barba) fingia ser mudo! ahahaha. não sei em que país, mas é genial, não?

    mas as pessoas têm muita boa vontade (exceto os cobradores da trenitalia) e vou soltando meu fraco italiano por aí...

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